Enquanto seres humanos o amor é essencial na nossa vida, o amor é o
verdadeiro motor da nossa existência. Contudo o amor pode ser interpretado de
diversas formas e pode ser vivido em diferentes situações da experiência
humana. O amor que é comumente aceite pela maioria das pessoas, é um amor
condicional, é um amor que parte de uma ideia de escassez, de falta e que
procura encontrar nesse amor aquilo que julga lhe faltar à partida.
E como esse amor parte de uma ideia de necessidade vai procurar quem
responda a essas necessidades, estabelecendo que tipo de características pode
corresponder a esse ideal. Quando encontra alguém que aparenta suprimir essas
falhas, como que entra numa fase de êxtase. Este é um amor que se torna
dependente da outra metade e que cria expectativas, sobre ela, que irá cobrar
constantemente.
Após a fase inicial em que tudo parece cor-de-rosa e a sensação de
felicidade esfusiante começa a entrar na rotina, a realidade começa a emergir e
então começa-se a reparar nos defeitos que a outra pessoa tem e nesta fase
muitos dos relacionamentos ou se rompem ou evoluem para um encontro entre duas
vontades que integram as falhas percecionadas. Mas as cobranças irão sempre
existir a cada zanga e expressões do tipo, “tu mudaste, não eras assim…”;” tu
não me compreendes…”; etc, estarão presentes na relação.
Este é um amor que procura no exterior preencher um vazio percecionado no
interior, e foca a sua atenção nesse mesmo exterior estando sempre dependente
das circunstâncias externas para se sentir pleno e realizado, mas a sensação de
falta irá sempre reaparecer novamente, pois um amor dependente do exterior só
se satisfaz temporariamente.
Por outro lado quando falamos de amor incondicional temos de falar da
essência do Ser, quando tomamos consciência de quem somos de facto descobrimos
que nós somos amor, é dessa matéria que somos formados e como tal somos todo o
amor que é possível ser e nada exterior a nós pode acrescentar o que quer que
seja àquilo que já somos. Pelo contrário é através da partilha do nosso amor
que tomaremos consciência de todo o amor que somos, pois só pode dar quem tem
para dar e também através dessa partilha veremos o nosso amor expandir-se.
Pois o amor incondicional quanto
mais partilhado é mais se expande, ele é inclusivo ao contrário do amor
condicional que se fecha, num grupo reduzido de pessoas, de acordo com os diferentes
tipos de amor que se trate; amor entre casal, entre pais e filhos, entre
familiares, entre amigos, etc; e como é um amor dependente, baseado na troca,
eu dou-te mas também quero receber o teu amor, como que se entra numa
contabilidade de amor a ver quem ama mais ou menos o outro e de que forma o
demonstra.
O amor condicional é baseado no
medo, é o medo que o controla, medo da perda, da escassez que leva a que se
lute para manter esse amor por forma a preencher a lacuna percecionada. Mas
nessa luta constante deixa-se de se desfrutar do verdadeiro amor, pois o foco
está em conservar o amor que se conseguiu amealhar.
Já ao amor incondicional basta Ser, ele é sereno e está sempre presente,
não necessita de se evidenciar para se fazer sentir. Dispensa adjetivos, não
exige sacrifícios nem cobra nada de ninguém, pois ele está presente em toda a
existência, é o elo de ligação. E só estando presente em cada momento do
existir se poderá ter consciência desse amor, mas o facto de não termos ainda
consciência dele não o impede de estar sempre presente em cada um de nós,
esperando o nosso despertar, pois ele não conhece tempo, nem espaço.
Esse tempo e espaço é uma ilusão que existe precisamente para ser usado
nesse despertar, serve para viver experiências que catalisem a evolução do
nosso nível de consciência até que estejamos prontos para abraçar a nossa pura
essência. Para descobrir o amor incondicional que somos na verdade precisamos
de fazer muito menos do que temos feito, devemos permitir que a nossa essência
se manifeste em nós, prescindindo da necessidade de controlar a nossa
existência.
Devemos confiar na perfeição da vida, que nos traz em cada momento tudo
aquilo que é o necessário e o que podemos lidar, de acordo com o nosso nível de
consciência, e é quando abdicamos do controle e nos entregamos sem condições
que criamos espaço para que a nossa essência se manifeste na nossa realidade e
ela o fará da melhor forma que cada um estiver preparado para a abraçar em
plenitude.
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