quarta-feira, 8 de maio de 2013

Morrer antes de morrer



Falar na morte assusta a maior parte das pessoas, porque a morte representa o fim, representa na concepção humana um ponto de não retorno, morrer é deixar de ser quem somos, pois acreditamos que somos o corpo que associamos à personalidade que o controla e que tem um nome pelo qual é tratado pelos outros humanos.

Precisamente por isso é que proponho este morrer antes de morrer, isto é, ampliar a ideia daquilo que somos de verdade, aquilo que é a nossa essência e esta não se limita num corpo, nem numa mente que o controla, tudo isso é uma ideia limitada, chamada de ego. 

E morrer é deixar de se limitar pelo ego, é reconhecer a sua essência e como ela é perfeita assim como é e que ela está sempre disponível para ser reconhecida,para ser vivida, para ser experienciada. 

É uma escolha que podes fazer em qualquer momento, quando estiveres preparado para isso, e na verdade esse momento é agora, sempre que ocorrer será agora, será no momento presente. 

É olhar para ti e para essa ideia do "eu" esse "eu" que julgas ser e verás que ele não existe, não tem realidade, esse "eu" é apenas mais um pensamento, um pensamento que escolheste acreditar e que já o tens há muito tempo, normalmente surge em tenra idade, desde bebés, quando nos dão um nome e nos vão habituando a esse nome.

Quando nos começam a mostrar a separação entre esse "eu" e o resto que nos rodeia, a interação do corpo que dizem ser o nosso e todos os restantes corpos com que nos relacionamos e sim o corpo é real, podes tocar nele e usá-lo para interagir com a fisícalidade do mundo, aquilo que não é real é essa ideia de "eu" que controla esse corpo.

O corpo é vida a acontecer por si só, é a vida a ser vivida, é o amor que ama, é a respiração que ocorre por si sem ninguém a controlar, é o sangue que faz o seu percurso sem ninguém a direccionar, todas as suas funções ocorrem por si só ao sabor da vida, em fluxo com a vida.

O "eu" não o consegues encontrar, não o consegues ver, não o consegues sentir, ele é apenas mais um pensamento e quando deixas de te focar nesse pensamento aquilo que permites é mais espaço, mais leveza para que a vida que és se manifeste em todo o seu esplendor, em toda a sua plenitude.

A vida é como é, não precisa de classificação, não precisa de ninguém para a julgar, apenas numa ilusão isso ocorre, mas quando isso ocorre acontece apenas um desviar da atenção e nada disso altera o curso da vida que continua como tem de ser,sendo quem é,sendo como é.

Quando nos permitimos morrer antes de morrer não perdemos nada, tudo continua igual e no entanto tudo muda, pois entramos em fluxo com a vida, deixamos de lado todas as estórias que criamos e que nos entretemos a alimentar e realizamos que tudo aquilo que desejávamos nada é comparado com aquilo que somos de facto.

É trocar a ilusão de um "eu" pela plenitude do Ser,pela certeza da vida, sem limites ou constrangimentos em todas as suas manifestações.

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