sábado, 6 de setembro de 2014

O poder do desapego, do deixar partir



A realidade em que vivemos é como é, mas nós não vivemos a realidade como ela é. Nós vivemos de acordo com a nossa perceção dessa realidade, é a forma como interpretamos a realidade que nos faz julgá-la como boa ou má. É fácil de aceitar a ideia de que nos apegamos ao que consideramos como positivo, como bom para nós, e que tudo fazemos para que perdure no tempo.

Já a noção que de igual modo nos apegamos a coisas que julgámos como negativas, isso é mais difícil de aceitar. E no entanto é tão verdadeira como a primeira. Muitas vezes situações e comportamentos que julgámos como errados, como negativos, persistem na nossa realidade, porque nos apegamos a eles, porque os vemos como definidores daquilo que somos.

Ainda que essas situações nos criem resistências, nos façam sofrer, acreditamos que elas fazem parte da nossa identidade, da nossa realidade e que nos devemos resignar, porque a vida é assim mesmo, é muito difícil e temos de sofrer muito para, talvez um dia, sermos felizes.

A questão aqui não se coloca nas situações em si mesmas, sejam elas julgadas como boas ou más, mas sim na nossa identificação, no nosso apego às mesmas.

O que podes fazer então?

A resposta é o desapego, o deixar partir, pois nada do que ocorre limita quem és de verdade, em essência. Tu és o espaço onde essas manifestações ocorrem, tu és vida em toda a sua plenitude. Para colocares em prática o desapego deixo-te algumas dicas:

1 Aceita aquilo que se manifesta agora, seja isso o que for, seja isso julgado como bom ou mau. Permite-te com abertura aceitar, observar aquilo que se manifesta em cada momento. Quando o desconforto vem, quando a dor surge, abraça-a, nota como se manifesta em ti, sem resistências. Pois quanto mais resistes mais força concedes ao que resistes. Aceitando totalmente o que surge, observas e deixas partir, pois como começa também acaba.

2 Assume a responsabilidade, tu és responsável pela tua vida, pela forma como a vês, como a percecionas. E ser responsável significa também que tens a habilidade, os recursos para fazer face a qualquer desafio que a vida te coloque. O que acontece não depende totalmente de ti, mas a tua resposta ao que acontece já depende apenas de ti. És responsável pelas tuas opções em cada momento e podes sempre escolher de novo.

3 Quando acaba, acaba mesmo. Tudo tem um tempo para ocorrer, é essa a natureza humana, nascemos, vivemos e morremos. É assim a experiência humana, a questão não é se acaba, mas sim aquilo que fazemos enquanto dura, as escolhas que fazemos momento a momento. Existem situações que acabam porque tem de acabar, já serviram o seu propósito e nada mais tem a acrescentar, mas por vezes não aceitas que terminem e forças para que não acabem. E isso nada acrescenta para lá do sofrimento, da estória que contas a ti mesmo sobre essa situação e como tem de continuar, mesmo que já nada possa acrescentar, mesmo que nada possas fazer para a alterar.

4 Questionar a utilidade das preocupações, quando algo te preocupa normalmente estás tão apegado à situação que não existe mais espaço na tua atenção para mais nada. Centras tudo nisso, os pensamentos "ocupam-te" e uma forma de te libertares, de desapegares é questionares esses pensamentos, questionar a utilidade desses pensamentos para ti. 
Coloca-te questões como: 
Isto é útil para mim?
Será totalmente verdade?
Poderei ver isto de outra forma?
O questionar liberta espaço em ti para que surjam as soluções que procuras, pois possuis em ti todas as respostas para qualquer situação que ocorra na tua realidade, de outro modo não ocorreria.


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