segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Não és tu, sou eu





A frase "não és tu, sou eu", é uma das justificações, ou desculpas, mais usadas para colocar o termo a um relacionamento, ainda que seja dita por forma a parecer que se assume a responsabilidade pelo "falhanço" da relação, aquilo que normalmente está subjacente é um "já não me serves mais, já não tens nada a acrescentar ao que eu necessitava de ti".

Isto porque a maioria dos seres humanos procura no relacionamento íntimo com o outro, que este o complete, que este lhe dê aquilo que ele acredita que lhe falta e quando aparenta que o outro não lho pode dar, ou já não o faz como inicialmente fazia, procura partir para outra relação em busca desse algo mais que crê que lhe falta.

Por ironia do destino, ou talvez não, a frase "não és tu, sou eu" é verdadeira na sua totalidade, não do modo como correntemente é usada, mas naquilo que essencialmente significa. De verdade a "culpa", melhor dito, a responsabilidade nunca é do outro, ainda que por vezes o pareça, mas sim de nós e apenas de nós.

A outra pessoa é um figurante na vida que somos, nós somos o realizador do filme da nossa experiência humana. A realidade é um espelho do nosso interior, da nossa realidade interna, tudo se passa primeiro dentro e depois reflete-se fora.

O que o outro faz é da sua responsabilidade, o que nós fazemos é da nossa responsabilidade. Por vezes elas coincidem no tempo e no espaço, mas não altera a responsabilidade de cada um. Nós somos vida em toda a sua plenitude, sem nós o mundo acaba. 

O nosso mundo acaba, pois este é resultado da nossa perceção do mesmo, da nossa interpretação do mesmo e não aquilo que ele é na verdade.

Por isso o "não és tu, sou eu" é real, cada um de nós é um mundo, as pessoas entram e saem da nossa vida, permanecendo nestas o tempo necessário para nos ensinar o que tem de nos ensinar sobre nós próprios e aprender o que tem de aprender sobre elas próprias.

Nada acontece por acaso, mesmo quando aparenta ser obra do acaso, o que quer que ocorra já foi aceite pela nossa essência e se acontece é para o nosso bem, é para nos relembrar quem somos em essência. 

E sim por vezes, mesmo tendo esta consciência, dá vontade de dizer que tanto "bem" não era necessário.

Tu és responsável pela tua experiência humana, a vida que és é simples e perfeita, assim como é. Cabe a ti complicá-la ou não, pois simples ela já é. E complicamos a vida através do julgamentos incessantes que fazemos sobre tudo e mais alguma coisa. Mesmo o que aparenta ser simples tendemos a rejeitar e a achar que tem de haver mais qualquer coisa, que nada pode ser tão bom e simples.

Tu escolhes simplificar, tal como tu complicaste, podes deixar de o fazer e aceitar a realidade como ela é. Se te parece simples, é porque é simples, não procures pelo algo mais. Toma atenção ao diálogo interno que acontece continuamente, repara nos pensamentos que pululam na tua mente.

Tu não és esses pensamentos, eles ocorrem em ti, na imensidão da tua essência, mas não te limitam a não ser que o permitas. E é através da tua identificação, do teu apego aos pensamentos que surgem que te vais limitando. Começa a notar nos espaços entre pensamentos. De inicio pode parecer um pouco difícil, mas com prática vai melhorando.

Abraça a vida e diz, sim sou eu. Eu sou vida, eu sou amor e perfeito assim como sou.


Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...