sábado, 26 de março de 2016

A ilusão aparente do amor romântico



O amor romântico é a maior das ilusões e a que mais te afasta daquilo que és em essência, O amor romântico resulta da crença de que necessitamos, enquanto humanos, do amor de outra pessoa para validar aquilo que somos, para que possamos ser completos, daí o mito da cara metade.  A forma como lidamos com essa ideia de amor, é diferente consoante o género, as mulheres de uma forma geral são mais idealistas, naquilo que é o amor e a forma como o querem viver. Os homens, em geral, são mais realistas, mais ligados ao aspecto físico do amor.

Dessa relação com a ideia de amor parte-se em busca de quem possa completar essa estória, quem possa desempenhar o papel criado na mente de um alguém que nos resgate da incompletude e nos torne plenos e isso será assim enquanto durar a relação, até uma próxima estória surgir que diga que afinal ainda não estamos completos, então termina-se essa relação procurando outra que possa ser a tal.

Tudo isto é parte do jogo do ego, um incessante processo de busca mas não encontres, porque quando aparenta estar realizado o objetivo perseguido, um novo surge fazendo com que se inicie tudo de novo. Perpetuando-se desse modo o controlo do ego sobre quem julgas ser. 

O ego não é o inimigo, ele é parte de ti, daquilo que és em essência, logo não há necessidade de o subjugar, de o vencer, mas apenas de tomar consciência daquilo que ele é. O ego é essa ideia de personalidade que crês ser, associado a um nome,um corpo e mente que tudo controla. Ou julga controlar. E no entanto tudo isso acontece nesse espaço ilimitado que és em essência.

Acreditar nisto ou não, pouco importa para aquilo que é a tua relação com a vida, podes continuar acreditando que és apenas essa personalidade, que tudo o foi dito relativo à essência é mera fantasia e que em nada acrescenta à tua realidade, ou à resolução daquilo que são os teus problemas reais do dia a dia.

No entanto se estás insatisfeita com a tua realidade, se procuras por algo mais, se acreditas que o sofrimento deve terminar, isso significa que estás preparada para relembrar quem és de verdade, que o teu nível de consciência está mais acima que os instintos básicos, onde o amor romântico predomina, onde a sensação de dualidade é a regra primordial.

Um eu e os outros, constante, onde necessitamos de cobrar dos outros o que cremos que nos falta, resultando disso frustração,pelo facto da realidade não ser como desejamos que seja. E quanto mais procuramos forçar a realidade para que seja o que idealizamos, mais barreiras colocamos a nós próprios para superar, mais problemas parecem surgir.

A vida é simples e perfeita sendo como é. Já a relação que estabeleces com a vida, logo contigo própria, pode ser muito complicada, sendo sempre complexa porque crês ser limitada. É a tua perceção da realidade que vives e não a realidade como ela é. No amor romântico passa-se o mesmo, a outra pessoa com que te relacionas é apenas a ideia que criaste dela que percecionas e não como ela é de verdade.

Nós vemos os outros de acordo com aquilo que somos e não de acordo com aquilo que são em essência. Elas representam um papel resultante de uma projeção interna. Isso não significa que tudo o que façam esteja correcto e seja aceitável, mas significa que são representativos de aspectos semelhantes em nós e que precisamos de lidar nesta experiência humana. E essas pessoas permanecerão o tempo suficiente na nossa realidade para que possamos aprender e ensinar-lhes, o que há a aprender. Isso acontece com todas as pessoas que fazem parte da nossa realidade independentemente do tempo de permanência.

Tendo consciência de que assim é, ficas mais livre para desfrutar da vida tal como ela é, tal como és, com desapego. Sabendo que nada do que aconteça belisca a tua essência. Mesmo quando, enquanto humano, trocas a aparência pela essência como acontece na generalidade das relações românticas.

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