sexta-feira, 14 de agosto de 2015

A grata experiência de viver




A vida que somos é uma dádiva pela qual devemos estar gratos. A vida não é algo descartável, algo de menor quando corre menos bem, na nossa ótica. A vida não nos deve nada. Ela não é um favor que nos é concedido, mas sim um privilégio que nos permite vivenciar experiências únicas, que de outra forma não poderiam ser vividas.

E essas experiências são julgadas por nós, enquanto humanos, é a nossa perceção que classifica a todo o momento aquilo que ocorre. 

Normalmente quando as ocorrências são diferentes para pior do que aquilo que desejávamos que fosse, então cremos que a vida conspira contra nós. Essas situações menos boas ou dolorosas, procuramos a todo custo evitar que aconteçam ou quando acontecem procuramos evitar lidar com elas.

No entanto tudo é vida, tudo é experiência que apenas nesta forma humana é passível de ser vivida. Quando a dor vem e mais do que a dor o sofrimento que construímos sobre essa dor, surge procuramos fazer com que desapareça, usamos tudo, desde medicamentos ao álcool, para evitar lidar com a dor. 

A dor por si só não é boa ou má, ela é uma manifestação que sinaliza aspectos em nós por forma a chamar a nossa atenção. Mas se a evitarmos, se tentarmos de imediato apagar a dor, não saberemos o que nos quer comunicar, que chamada de atenção ela está a sinalizar. 

A dor é física, é sintomática, já o sofrimento é mental, é uma estória que criamos em redor da dor. E é o sofrimento que nos desgasta mais, ele consome a nossa energia e atenção e impede-nos de aprender o que a dor quis sinalizar. 

O sofrimento é opcional, já a dor não.

A dor acontece no momento, mas o sofrimento é intemporal, ele pode acompanhar-te por muitos e muitos anos, consumindo as tuas entranhas, sorvendo a tua energia e alegria de viver. A boa notícia é que, tal como criaste o sofrimento, também tu o podes extinguir. Essa é uma escolha que podes fazer a qualquer momento.

Podes escolher agora deixar de sofrer, deixar de dar a tua atenção a essas estórias sobre o que vai acontecendo e que na tua forma de ver deveria ser diferente do que é. As coisas são como são, é o modo como lidas com elas, a importância que lhes dás, que pode ou não originar o teu sofrimento. São os teus julgamentos que criam o guião do sofrimento.

Seja sofrimento ou alegria, tudo isso é resultado da tua criação, ambas são estórias que crias. A vida é como é e sendo como é, é plena, é simples e perfeita. Aquilo que pensas sobre a vida é complicado e complicativo, tende a complicar o simples, vendo o que não está lá. E no entanto também isso está bem, pois é o que acontece nesta realidade humana.

O ser humano complica o simples e desse modo cria as diversas experiências que originam essas sensações e emoções que somadas consideras a tua realidade, a tua história de vida. E isso é um privilégio que apenas nós, enquanto humanos podemos ter, uma consciência dessas diversas experiências e a possibilidade de gostar de umas e detestar outras.

O segredo da felicidade é relembrar que aconteça o que acontecer na nossa vida, nada disso afecta a nossa essência e como tal podemos aceitar o que quer que aconteça, desfrutar do que ocorrer com desapego, tendo a certeza que estaremos sempre bem. E ser gratos pela oportunidade de viver tais experiências em segurança, pois em essência continuamos perfeitos tal como somos.

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