sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Dar tempo ao tempo para percebermos que não existe tempo





Ser espiritual sem espiritualidade é natural, as práticas espirituais e outras "filosofias" afins causam algum desconforto a muitas pessoas, que rejeitam o que quer que seja que esteja relacionado com estas temáticas. Sejam porque não acreditam em nada disso, seja porque o temem e desse modo o evitam a todo custo.

Mas não tem de ser assim de complicado, aquilo que somos em essência é simples e perfeito como é. Nenhum conceito, nenhuma definição limita aquilo que é ilimitado. Por vezes diz-se que somos seres espirituais a viver uma experiência humana, isto serve como um lembrete, para que olhemos para o que somos realmente e não aquilo que pensamos que somos.

Chamar aquilo que somos de verdade, como ser espiritual, ser energético, essência, vida ou outro nome qualquer, não altera em nada aquilo que somos, no entanto pode ser útil para ajudar a relembrar quem somos e encontrar aquilo que procuramos e por vezes nem sabemos bem o que procuramos.

Temos uma sensação de falta que procuramos preencher. O caminho mais percorrido é procurar fora de nós, preencher essas "lacunas" que cremos ter e nesse processo caímos num estado de adormecimento, vivendo em piloto automático, fazendo o que é suposto fazer, tal como os outros fazem e esquecendo quem somos de verdade.

Até que a força das circunstâncias nos levem a questionar o estado das coisas e sejamos levados ao encontro de nós mesmo, a descobrir aquilo que sempre esteve lá. E isso surge quando o desconforto na nossa realidade é tal que procuramos outras respostas, outros caminhos. O nosso instinto nos diz que tem de haver outra forma de fazer as coisas, outra forma de viver.

Quando isso acontece por vezes passa-se para um extremo oposto de busca incessante por experiências que nos afastem da suposta "normalidade", do piloto automático. Experiências essas que nunca serão suficientes e então passa-se de umas para as outras em busca da que seja a perfeita, mas isso nunca acontece.

E não acontece porque nada nos falta de verdade, aquilo que procuramos externamente já existe em nós, somos perfeitos em essência. E dessa perfeição faz parte esta experiência de ser humano, com tudo aquilo que cremos ser bom e mau. Nada acontece por acaso na nossa realidade humana, naquilo que consideramos a nossa vida. Se víssemos a nossa vida como um todo de uma posição elevada, perceberíamos como tudo encaixa perfeitamente, como cada situação leva à seguinte.

Quanto mais presentes no agora estivermos mais cientes daquilo que somos estaremos. Cientes da simplicidade e perfeição daquilo que é,como é. Que tudo flui como deve fluir e que é a nossa necessidade de controlo que nos impede de ver o quão perfeito e simples tudo é.

Para ter a consciência  que assim é, para podermos experienciar a perfeição e simplicidade da vida, por vezes é necessário estádios de desenvolvimento, que nos farão gradualmente a estar melhor preparados para assimilar uma maior consciência do que somos de verdade. Isso acontece assim precisamente para que possamos viver determinadas experiências, essa é a forma da essência se tornar ciente de si mesma.

Aquilo que é perfeito e pleno, só se tornando imperfeito e incompleto se pode tornar consciente de si mesmo. E faz isso dividindo-se em múltiplas pequenas partes, algumas dessas pequenas partes, como o ser humano, tem algum grau de consciência que o torna ciente da diferença entre essas partes e acredita ser separado de tudo o resto. Essa ilusão é que o leva experienciar o que tem de experienciar.

É por isso necessário dar tempo ao tempo para percebermos que não existe tempo, este é uma mecanismo que nos permite, enquanto humanos, viver as nossas experiências e despertar, quando para isso estivermos preparados, para a realidade da nossa essência.  E isso acontece sempre no agora, o único tempo que existe.

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